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São Paulo, 12/03/2021 – Os custos dos encargos de serviços do sistema (ESS) custaram em janeiro R$ 1,83 bilhão aos consumidores brasileiros de energia, contra R$ 20,7 milhões registrados em igual período do ano anterior. Cerca de R$ 1,6 bilhão (87,8%) é fruto da elevada geração termelétrica e do volume de importação de energia da Argentina e do Uruguai, segundo informações divulgadas em boletim pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O alto custo do ESS reforça a percepção de que o setor elétrico está atravessando um momento desafiador, demandando geração complementar de energia devido aos baixos volumes de afluências nos últimos meses, que dificultam a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas. A fonte hídrica que é responsável por atender a mais de 60% do suprimento elétrico do País.

Para se ter uma ideia, o ESS de janeiro deste ano representa 41,86% de tudo que foi cobrado em 2020, R$ 4,3 bilhões. Em dezembro de 2020, o encargo custou R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 993,2 milhões gastos com importação de energia e R$ 672,9 milhões por geração térmica. O ESS é formado por nove rubricas diferentes, mas é a geração térmica que acaba pensando na conta.

Segundo a CCEE, em janeiro foram gerados 68.896 MW médios, montante 2,8% superior ao mesmo mês. Enquanto a geração hidráulica caiu 8,9%, a produção térmica cresceu 20,7% (14.691 MW médios). A situação só não ficou pior porque a geração eólica cresceu 100,6% no período analisado, de 3.702 MW médios, em janeiro no ano passado, para R$ 7.427 MW médios neste ano.

Em fevereiro, segundo relatório da consultoria Thymos Energia, a produção termelétrica totalizou 11.634 MW médios. “Desse total, 3.334 MWmed foram despachados por garantia energética pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) como medida excepcional para atendimento ao SIN [Sistema Interligado Nacional].”

Ainda segundo a Thymos, a importação de energia verificada no segundo mês do ano (933 MW médios), reflete “a necessidade de complementação de geração, devido aos baixos valores de afluência e de níveis de armazenamento verificados.”

O diretor presidente da Brasil Comercializadora de Energias, Eli Elias, explicou que o ESS é calculado pela diferença entre o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), também conhecido como preço spot de energia, e o Custo Variável Unitário (CVU) mais alto das térmicas que estão sendo despachadas fora da ordem de mérito, ou seja, por segurança energética.

Segundo ele, embora o preço da energia no mercado livre esteja baixo, o consumidor acaba pagando mais caro por causa dos encargos. No mercado livre, o encargo é pago no mês a mês. No mercado cativo, o repasse acontece nos reajustes tarifários das distribuidoras de energia elétrica. “O consumidor acaba pagando a conta de qualquer jeito”, disse.

Em 2020, custos dos encargos de serviços do sistema (ESS) somaram R$ 4,3 bilhões, um crescimento de 60,10% em relação a 2019 (1,7 bilhão). Apenas os custos com as rubricas “térmica e importação de energia” somaram R$ 3 bilhões.

Contato: energia@estadao.com

Broadcast Energia

Por Wagner Freire

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