Cada segmento de atividade tem particularidades quanto ao consumo de energia elétrica. O conhecimento preciso deste perfil pode proporcionar maior eficiência na contratação do fornecimento de energia e resultar em economia para grandes consumidores. 

O consumo de energia cresce em média 3,1% ao ano no Brasil, com períodos de forte avanço (crescimento de 8,2% em 2010) e também com pontuais retrações (redução de 7,9% em 2001). O crescimento do consumo de energia, no entanto, não é uniforme. Diferentes setores têm um perfil de consumo particular aos seus ramos de atividade. Em 2020 este aspecto ficou evidente quando setores comerciais tiveram uma queda mais substantiva no consumo de eletricidade em comparação com setores industriais. 

A área de atividade econômica tem um impacto decisivo na explicação das diferenças de consumo. Mas mesmo dentro de uma mesma atividade econômica existem diferenças no perfil de consumo, sendo possível que consumidores de um mesmo setor econômico tenham perfis diferenciados de consumo de eletricidade. 

Independente do setor econômico e do perfil de consumo, muitos consumidores diminuem a demanda por energia no horário de ponta para fugir das tarifas mais elevadas neste período. Já os consumidores associados ao mercado livre não têm diferenciação entre horário de ponta e fora de ponta, o preço de energia permanece o mesmo – baseado nos valores firmados em contrato com o fornecedor. A cobrança de horário de ponta é feita somente sobre a parte relativa à distribuição de energia.

Além de propiciar uma economia com os custos de eletricidade, a ausência de cobrança extra no horário de ponta sobre o consumo de energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL) possibilita manter atividades produtivas em todos os turnos, sem variações no preço da energia. Dessa forma, o mercado livre pode aumentar a eficiência da relação produção-consumo de energia, evitando a necessidade de parada de produção em horário de ponta.

Além da questão da tarifação diferenciada nas horas do dia, existem consumidores com um perfil de consumo sazonal. Alguns ramos de atividade têm por hábito a realização de paradas de produção no final de cada ano, por exemplo. Já outros consumidores elevam a produção para atender a demanda acrescida de fim de ano. Em ambos os casos, no mercado livre a quantidade de energia pode ser estabelecida em contrato de acordo com as particularidades de cada consumidor. No mercado livre é possível realizar contratos de fornecimento com especificidades de sazonalização, de forma que o consumidor recebe a quantidade de energia demandada em determinado momento do ano. Estes ajustes reforçam a eficiência do fornecimento de energia elétrica em relação à atividade produtiva dos consumidores.

Mesmo conhecendo o perfil de consumo das unidades consumidoras ao longo do ano, é improvável adiantar com exatidão o montante de energia consumida mensalmente. Para evitar um consumo além ou aquém do montante contratado, comercializadores de energia no Ambiente de Contratação Livre geralmente disponibilizam uma flexibilidade contratual quanto ao montante de energia entregue mensalmente. Por exemplo, se um consumidor no mercado livre contrata a quantidade de 1 MWmédio com uma flexibilidade de + – 10%, o consumo poderá oscilar entre 0,9 MW médios e 1,1 MWmédios. 

Se eventualmente o consumidor demandar menos energia do que a quantidade contratada, as sobras podem ser negociadas no Mercado de Curto Prazo. Da mesma forma, um possível consumo de energia além do montante contratado pode ser ajustado em um novo contrato de curto prazo – apenas relativo à diferença entre o consumo e a quantidade contratada originalmente. 

Cada decisão relativa ao consumo de energia tem um impacto financeiro importante e deve ser tomada à luz do conhecimento preciso do perfil de cada consumidor. Para consumidores que estão no ACL o conhecimento detalhado do perfil de consumo é essencial para garantir o fornecimento de energia mais adequado às características particulares de cada unidade consumidora. Uma análise de carga geralmente realizada com a verificação detalhada do consumo nos últimos doze meses proporciona o conhecimento da “curva de consumo” da unidade consumidora, e é sempre recomendável tanto aos consumidores já associados ao mercado livre quanto aqueles que pretendem realizar a migração para o ACL. 

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