Na pandemia, o consumo de energia no mercado livre cresce. Mercado regulado registra queda

Os efeitos da pandemia sobre o consumo de energia no Brasil se fizeram sentir de diferentes formas nos ambientes de contratação livre (ACL) e regulada (ACR). Os primeiros meses de 2021 apontam para uma possível retomada. Em 12 meses o Mercado Livre registra crescimento de 14,1%.

A Câmara da Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) divulgou relatório sobre o consumo de energia no Brasil no ano de 2020, marcado pela ocorrência da pandemia de COVID-19. O consumo no Ambiente de Contratação Livre (ACL) cresceu 2,8%, ao passo que o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), registrou desempenho negativo em 3,4%. No plano nacional, o consumo de energia no Brasil recuou 1,5% em 2020. O Produto Interno Brasil (PIB) do Brasil em 2020 registrou queda de 4,1%. Este é um dado significativo para os padrões da economia brasileira, no entanto, menor do que a expectativa, de acordo com o Relatório de Mercado Focus de dezembro de 2020, divulgado pelo Banco Central do Brasil. 

Conforme relatório anual da CCEE, o crescimento do consumo de energia apurado no ACL revela que as atividades de setores industriais, grandes consumidores de eletricidade, manteve uma trajetória de crescimento. Isso ocorreu apesar de uma parte relevante das atividades comerciais – sobretudo no setor de serviços – ter sido fortemente impactada em decorrência da pandemia. No entanto, em ritmo menos acelerado do que estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica indicavam no início de 2020, onde se previa um consumo crescendo em patamares acima de 4%. 

Vale um destaque para o desempenho dos setores de minerais não-metálicos (+12,4%), extração de minerais metálicos (+12,3%), têxteis (+9%) e madeira, papel e celulose (+7,8%). De outro lado, os setores com maiores quedas registradas no consumo de energia elétrica em 2020 são serviços (-8,3%) e transportes (-6,8%). 

Superados os desafios de 2020, dados iniciais sobre a produção industrial nos primeiros meses de 2021 indicam alguma retomada. A produção industrial brasileira, medida e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registra alta acumulada de 1,3% no primeiro bimestre, mas o agravamento da pandemia nos meses de março e, sobretudo, abril de 2021 arrefeceram o ritmo de crescimento. 

Somados os ambientes, regulado e livre, o consumo de energia seguiu a mesma tendência de desaceleração nos meses de março e abril de 2021. Isso aconteceu a despeito de um crescimento de 10,5% no consumo registrado no Ambiente de Contratação Livre (ACL) nos meses de janeiro e fevereiro, de frente a uma queda de 0,4% no consumo apurado no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). 

Já se observarmos os dados de consumo, sob a ótica da comparação em 12 meses, é possível perceber um forte crescimento devido ao início das medidas sanitárias restritivas que passaram a vigorar a partir de março de 2020. A comparação do consumo de energia elétrica registrado em março de 2020 e março de 2021 indica um crescimento recorde de 6%, segundo dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Todas as regiões geográficas do Brasil apresentaram alta no consumo de energia elétrica nesta base de comparação: Sudeste (+8,4%), Nordeste (+4,6%), Sul (+3,9%), Norte (+3,3%) e Centro-Oeste (+1,5%).

A respeito do crescimento observado nos 12 meses, entre março de 2020 e março de 2021, se destacados os ambientes de contratação, ACL e ACR, temos um crescimento que chega a 14,1% no mercado livre de energia, maior expansão desde 2018. O Ambiente de Contratação Regulada (ACR), por sua vez, registra alta de 1,8%, primeiro dado positivo desde novembro de 2020. Estes dados indicam que, sim, há alguma recuperação a caminho, tão logo sejam superadas as fases mais restritivas da pandemia, embora esta recuperação também demonstra a intensidade da retração de 2020 em termos de consumo de energia elétrica.

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